Uma vez que o tema será a improvisação, improvisar, in enciclopédia Larousse (1997), significa produzir de repente, sem preparação. Ou seja, os papeis não são estabelecidos à priori, mas emergem a partir das interacções que ocorrem durante uma acção. Por outras palavras, é a comunicação que emerge a partir da criatividade e espontaneidade das interações entre sujeitos.
Segundo Ibrahim César, o teatro de improviso é uma espécie de jogo de actuação entre actores. Não é um jogo de competição, mas sim colaborativo para que se atinja o objetivo, que é criar com base na espontaneidade e na improvisação uma boa história. A improvisação trata-se da necessidade de sermos completamente livres e ao mesmo tempo suficientemente rigorosos.
Mas, improvisar porquê? Segundo Peter Brook (1991), “em primeiro lugar para criar uma atmosfera, uma relação, para pôr toda a gente à vontade, permitir que se levantem, que se sentem, sem com isso fazer drama. Procuramos antes de mais a confiança, para lutar contra o medo. O que hoje bloqueia mais as pessoas é falar. Por isso não devemos começar com a palavra, com as ideias, mas com o corpo. O corpo liberto é o primeiro passo”.
O primeiro passo é importante, mas não basta, é preciso tomar consciência, ao mesmo tempo, da alegria e da armadilha da improvisação. Ao proporcionar uma possibilidade de vida, de expressão, de movimento diferente do que acontece na vida quotidiana, entramos imediatamente num estado de alegria, mas se, muito rapidamente, não propormos um desafio, a experiência marca passo.
No teatro de improvisação, ainda segundo o mesmo autor, há liberdade absoluta, cada um designa-se quando quer, e, por outro, duas condições que impõe o rigor, manter as ordens e não falar ao mesmo tempo.
Segue algumas regras que se devem cumprir na improvisação teatral, nomeadamente:
1ª Regra – Aceitar sempre, nunca negar
Esta é a regra mais importante da improvisação, pois deve-se sempre aceitar qualquer coisa que o parceiro diga ou faça como um facto. Qualquer item, personagem ou ideia apresentada é agora, parte da cena. Isso pode ser alterado e modificado, mas nunca negado.
2ª Regra – Amplificar
Esta é a segunda parte mais importante do processo de improvisação e flui naturalmente ao aceitar aquilo que o parceiro diz. Deve-se aceitar a oferta e amplificar, adicionando mais informação e devolvendo depois ao outro.
3ª Regra – Evitar bloquear ou negar
A forma mais óbvia de bloqueio é a negação da oferta do parceiro, mas há outras formas menos óbvias de bloqueio. Uma das mais comuns é a falha em amplificar, adicionando informação e deixando o outro num “beco sem saída”. A segunda mais comum é quando um participante não consegue pensar num bom comentário.
4ª Regra – Evitar fazer perguntas
Esta é a regra mais difícil de ser seguida, pois na vida real fazemos muitas perguntas, queremos informações precisas. Mas, na improvisação, tentar ser específico pode ser um desastre.
5ª Regra – Não planear
É muito tentador tentar levar o parceiro a uma direção específica, mas isso quase nunca funciona e destrói a cena. Isso leva ao bloqueio e interfere na espontaneidade.
6ª Regra – Não se importar em ser engraçado
Quando se segue o processo, permite que algo flua, a graça simplesmente acontece. Deve-se ser espontâneo, acreditar no processo, terminando assim mais engraçado, do que se tentasse ser cômico.
Agora é só praticar.
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